Neste Outubro Rosa, conheça o trabalho que evidenciou esta conduta de sucesso em uma renomada revista científica internacional
Seja no câncer de mama, seja em um tumor em outro órgão, uma regra persiste: o atraso no diagnóstico e no tratamento tende a piorar o prognóstico da pessoa.
Quando a pandemia da Covid-19 foi anunciada, muitos pacientes tiveram seu tratamento afetado, já que as formas de contágio eram ainda mais incertas à época.
Para prevenir a mortalidade tanto por câncer como por Covid-19, o corpo clínico do A.C.Camargo teve de tomar decisões rápidas, compartilhadas e eficazes.
Isso foi evidenciado em um importante estudo: How to Maintain Elective Treatment of Breast Cancer During the Covid-19 Pandemic – A Cancer Center Experience (em tradução livre, Como Manter o Tratamento Eletivo do Câncer de Mama Durante a Pandemia de Covid-19 – Uma Experiência em um Cancer Center).
Publicado na revista científica Journal of Surgical Oncology, o projeto foi coordenado pela Dra. Fabiana Makdissi, líder do Centro de Referência em Tumores de Mama, e teve como autora principal a Dra. Fernanda Perez Magnani Leite, cirurgiã oncológica e mastologista da Instituição.
Proteção a pacientes
Em janeiro, enquanto a pandemia começava a dar sinais globais, o A.C.Camargo montou um comitê de crise a fim de minimizar o impacto na Instituição, que acompanhou tudo, desde os números às ações implementadas em outros países.
Daí surgiu um bem sucedido Atendimento Oncológico Protegido, que criou fluxos separados para casos suspeitos ou comprovados de Covid-19, além de triagem virtual para pacientes e outras medidas.
O comitê também solicitou um plano de contingência para o departamento de mastologia para não sobrecarregar os leitos do Cancer Center, já que não se sabia se poderia haver muitos casos de Covid-19 na Instituição.
“O objetivo era desenvolver um plano eficiente para reduzir a carga de cirurgia sem impactar adversamente o prognóstico da paciente”, conta a Dra. Fernanda Leite.
A eleição das cirurgias para câncer de mama
Primeiramente, era preciso analisar caso a caso e definir quais pacientes não poderiam postergar a cirurgia em hipótese alguma.
“Para fazer essa eleição com precisão, a interação com o pessoal da oncologia clínica foi essencial para criarmos um protocolo seguro e multidisciplinar. Juntos, concluímos quais teriam de ser operadas e quais poderiam ser tratadas com alguma medicação, por exemplo, quimioterapia antes da cirurgia ou hormonioterapia”, explica a Dra. Fernanda Leite.
Multidisciplinaridade, o diferencial do A.C.Camargo
Essas conversas entre os departamentos levaram a uma conduta diferente das vistas em protocolos de contenção de cirurgias de outras instituições, como as sociedades brasileira e americana de cirurgia oncológica.
“Esse é o nosso diferencial pra gente seguir operando com segurança e salvando muitas vidas: a visão multidisciplinar, envolver mais de um departamento em cada caso, garantindo que nenhuma paciente tenha prejuízo”, diz a cirurgiã oncológica e mastologista.
“Ao contrário dos outros planos de redução de cirurgias das sociedades que foram criados, concluímos que, sim, deveríamos operar, por exemplo, os casos de carcinoma ductal in situ de alto grau, pois ele não pode ser tratado com medicação, apesar de ser um tumor inicial”, acrescenta a Dra. Fernanda.
A maior comprovação da eficiência do protocolo do A.C.Camargo é que o estudo foi publicado na seção How do It (em tradução livre, Como Fazer) do Journal of Surgical Oncology.
“Mostra que há um outro jeito de eleger as cirurgias prioritárias ao envolver diferentes visões do tratamento”, encerra a Dra. Fernanda Leite.