A obesidade está entre os fatores de risco para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer, como intestino, próstata, entre outros. No caso das mulheres, o sobrepeso está estritamente ligado à incidência do câncer de endométrio, tecido que reveste a camada interna do corpo do útero.
De acordo com Dr. Glauco Baiocchi Neto, diretor do Núcleo de Ginecologia Oncológica do A.C.Camargo Cancer Center, o câncer de endométrio pode surgir a partir de uma alteração hormonal no organismo. "O estrogênio, hormônio relacionado ao desenvolvimento das características femininas, estimula o crescimento do endométrio, enquanto outro hormônio, a progesterona, atua como contraponto a esse estímulo. Quando somente o estrogênio está muito elevado, maior o risco de crescimento anormal do endométrio e, consequentemente, de desenvolvimento do câncer", explica o médico.
O sobrepeso pode ser um dos responsáveis pela alteração dos hormônios. "No organismo da mulher obesa há maior produção de estrogênio e menor ação da progesterona, mesmo na menopausa. Essa reação torna, portanto, a obesidade o principal fator de risco da incidência de tumores no endométrio", afirma Baiocchi. Por isso, a doença costuma ser mais frequente em países com grandes taxas de sobrepeso, como os Estados Unidos, com 54 mil novos casos estimados em 2015. No Brasil, segundo dados do Inca, estimam-se 7 mil novos casos em 2016.
Sintomas e diagnóstico
O câncer de endométrio é, em praticamente 95% dos casos, sintomático. Um sangramento na menopausa ou grandes alterações no ciclo menstrual, geralmente a partir dos 50 anos, são os principais alertas. "Nessas situações, deve-se procurar a avaliação de um especialista, que solicitará exames para descobrir qual a verdadeira causa desse sangramento", informa Dr. Glauco Baiocchi. "O ultrassom transvaginal, por exemplo, pode verificar a espessura do endométrio. Se estiver muito grosso, pode aumentar as suspeitas de uma lesão pré-maligna ou até mesmo de câncer".
Porém, se diagnosticado precocemente, as chances de sucesso no tratamento é alta: em torno de 80%. "O sangramento começa a surgir em estágio inicial do tumor, facilitando o diagnóstico precoce e melhor prognóstico para a paciente", avalia o oncologista.
Dr. Glauco Baiocchi Neto - CRM 97501
Diretor do Núcleo de Ginecologia Oncológica
Especialista em Cancerologia Cirúrgica - RQE nº 42471