Confira segundo texto da série sobre o tratamento
Por Daniel Garcia, oncologista clínico, e Jayr Schmidt, head de Hematologia
Existem dois tipos principais de transplante de medula: autólogo e alogênico. No transplante autólogo, as próprias células-tronco hematopoiéticas do paciente são removidas antes que a quimioterapia ou radioterapia de alta dose seja administrada, e, então, são armazenadas para posterior uso. Após a quimioterapia ou a radiação estar finalizada, as células colhidas são infundidas no paciente.
No transplante alogênico, as células-tronco hematopoiéticas vêm de um doador, idealmente um irmão ou irmã com uma composição genética semelhante. Se o paciente não tem um doador aparentado compatível, medula óssea de uma pessoa não aparentada e com uma composição genética semelhante pode ser usada. Em algumas circunstâncias, um pai ou filho que tenha apenas metade da correspondência também pode ser usado; isso é chamado de transplante haploidêntico. O sangue de cordão umbilical também pode ser usado, uma vez que ele é rico em células-tronco hematopoiéticas.
Qual tipo de transplante é melhor?
O médico determinará se o transplante alogênico ou autólogo é o melhor baseado em muitos fatores, como a doença subjacente, idade, estado de saúde geral e disponibilidade de um doador adequado. Essa é uma decisão complexa, pois as diferentes formas de transplante acarretam diferentes riscos. Como regra geral, o transplante autólogo está associado a menos efeitos colaterais graves, uma vez que o paciente recebe células do seu próprio corpo.
Em um transplante alogênico, o sistema imunológico do doador pode reconhecer as células do paciente receptor, incluindo as células tumorais, como estranhas, e as rejeitam. Essa reação benéfica é chamada de efeito enxerto versus tumor. Em muitos tipos de câncer, a resposta imune causada pelas células transplantadas melhora a eficácia geral do tratamento. Esta resposta imune ajuda a matar quaisquer células cancerosas residuais remanescentes. Uma grande preocupação é que também pode ocorrer uma resposta imune contra os tecidos normais, chamada doença do enxerto contra o hospedeiro (explicada com mais detalhes abaixo).