Resultados apresentados no ASCO mudam recomendação de tratamento para esses pacientes.
Acrescentar abiraterona e prednisona à terapia hormonal administrada aos pacientes com câncer de próstata agressivo e metastático aumenta em duas vezes o período médio sem progressão da doença e reduz em 38% o risco de morte desses pacientes.
Os dados foram apresentados em sessão plenária do ASCO 2017 e fazem parte do estudo LATITUDE, "Abiraterone plus Prednisone in Metastatic, Castration-Sensitive Prostate Cancer", que envolveu 1.199 pacientes.
"Esses dados mostram os benefícios de uso precoce de terapias antes utilizadas apenas quando havia falha da hormonioterapia, melhorando os resultados, inclusive de sobrevida, em pacientes com câncer de próstata avançado," afirma o Dr. Aldo Dettino, da nossa equipe de Oncologia Clínica, que acompanhou a plenária. De acordo com ele, as taxas de efeitos adversos foram aceitáveis e, além disso, houve efeitos positivos também no que se refere a dor e exame de PSA, entre outros.
"Temos grande necessidade de melhorar o tratamento para homens recém-diagnosticados com câncer de próstata metastático, porque o prognóstico é geralmente complicado", diz o Dr. Karim Fizazi, líder do estudo e chefe do Departmento de Medicina do Câncer do Gustave Roussy, Universidade Paris-Sud, em Villejuif, França. "O benefício do uso precoce da abiraterona é comparável ao do docetaxel, mas a tolerância à abiraterona é melhor e muitos pacientes não tiveram nenhum efeito colateral", conta.
Como funciona
A testosterona promove o crescimento do câncer de próstata, por isso a terapia hormonal, que impede sua produção pelos testículos é eficiente. O problema é que as glândulas adrenais e as células cancerosas continuam a sintetizar testosterona, ainda que em pequenas quantidades.
A abiraterona impede a síntese de testosterona em todo o organismo, bloqueando a enzima que converte hormônios precursores em testosterona. A Food and Drug Administration (FDA), órgão regulatório dos Estados Unidos, já havia liberado a abiraterona para os casos de câncer metastático em que a hormonioterapia é incapaz de impedir a evolução da doença.
De acordo com o Dr. Fizazi, porém, é preciso ter cautela no uso da medicação tanto em homens com alto risco para problemas cardíacos como em diabéticos.
Outro benefício da abiraterona
Houve benefício também do acréscimo de abiraterona ao bloqueio hormonal em pacientes recém-diagnosticados com câncer de próstata metastático ou localmente avançado, de acordo com resultados de outro estudo, o STAMPEDE. A pesquisa envolveu 960 pacientes que foram tratados com abiraterona e houve aumento em 37% da sobrevida global e em 71% em sobrevida sem progressão da doença. "No entanto, o benefício foi maior na população que apresentava metástase", afirma Dra. Milena Tariki, também da nossa equipe de Oncologia Clínica.